quarta-feira, 23 de junho de 2021

----Atividade de Geografia 2º Série C, D, E, F-----Prof.º Cláudio

 FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO (INTRODUÇÃO)

2ºS ANOS REGULAR E EJA

PROFESSOR CLAUDIO RODRIGUES ALVES 

COMPONENTE: GEOGRAFIA 

https://docs.google.com/forms/d/1NfY6RKpnCKSSNA0Pmih4W9RJ2tLSoCMD90aXAY9SWpc/edit?usp=sharing


GEOGRAFIA

ENSINO MÉDIO (2ºs ANOS EJA E REGULARES)

FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO (INTRODUÇÃO)

Uma só palavra ou teoria não seria capaz de abarcar todos os processos e experiências históricas que marcaram a formação do povo brasileiro. Marcados pelas contradições do conflito e da convivência, constituímos uma nação com traços singulares que ainda se mostram vivos no cotidiano dos vários tipos de “brasileiros” que reconhecemos nesse território de dimensões continentais.

O que define um povo não é a demarcação territorial, mas sim um conjunto de características que faz dele um grupo identitário, diferenciando-o de outros grupos. As três matrizes étnicas que seriam as formadoras da identidade do povo brasileiro são o colonizador branco, no caso os portugueses, os indígenas (povos originários) e os negros africanos.

No entanto, a formação do povo brasileiro foi fruto de um processo violento. Com relação aos africanos, arrancados de suas culturas e forçados a trabalhar como escravos, ele acreditava que a rica diversidade linguística e cultural dos povos africanos e a política de evitar concentrar escravos de uma mesma etnia nas mesmas propriedades dificultaram a formação de núcleos de preservação do patrimônio cultural africano.




Tempos depois, graças ao interesse primordial de se instalar a empresa açucareira, uma grande leva de africanos foi expropriada de suas terras para viverem na condição de escravos. Chegando a um lugar distante de suas referências culturais e familiares, tendo em vista que os mercadores separavam os parentes, os negros tiveram que reelaborar o seu meio de ver o mundo com as sobras daquilo que restava de sua terra natal.

Isso não quer dizer que eles viviam uma mesma realidade na condição de escravos. Muitos deles, não suportando o trauma da diáspora, recorriam ao suicídio, à violência e aos quilombos para se livrar da exploração e elaborar uma cultura à parte da ordem colonial. Outros conseguiam meios de comprar a sua própria liberdade ou, mesmo sendo vistos como escravos, conquistavam funções e redes de relacionamento que lhes concediam uma vida com maiores possibilidades.


Não se limitando na esfera de contato entre o português e o nativo, essa mistura de povos também abriu novas veredas com a exploração sexual dos senhores sobre as suas escravas. No abuso da carne de suas “mercadorias fêmeas”, mais uma parcela de inclassificáveis se constituía no ambiente colonial. Com o passar do tempo, os paradigmas complexos de reconhecimento dessa nova gente passaram a limitar na cor da pele e na renda a distinção dos grupos sociais.


Ainda assim, isso não impedia que o caleidoscópio de gentes estabelecesse uma ampla formação de outras culturas que marcaram a regionalização de tantos espaços. Os citadinos das grandes metrópoles do litoral, os caipiras do interior, os caboclos das regiões áridas do Nordeste, os ribeirinhos da Amazônia, a região de Cerrado e os pampas gaúchos são apenas alguns dos exemplos que escapam da cegueira restritiva das generalizações.


Enquanto tantas sínteses aconteciam sem alcançar um lugar comum, o modelo agroexportador foi mui vagarosamente perdendo espaço para os anseios da modernização capitalista. A força rude e encarecida do trabalho escravo acabou abrindo espaço para a entrada de outros povos do Velho Mundo. Muitos deles, não suportando os abalos causados pelas teorias revolucionárias, o avanço do capitalismo e o fim das monarquias, buscaram uma nova oportunidade nessa já indefinida terra brasilis.


Italianos, alemães, poloneses, japoneses, eslavos e tantos mais não só contribuíram para a exploração de novas terras, como cumpriram as primeiras jornadas de trabalho em ambiente fabril. Assim, chegamos às primeiras décadas do século XX, quando nossos intelectuais modernistas pensaram com mais intensidade essa enorme tralha de culturas que forma a cultura de um só lugar. E assim, apesar das diferenças, frestas, preconceitos e jeitinhos, ainda reconhecemos o tal “brasileiro”.


CULTURA BRASILEIRA: DA DIVERSIDADE À DESIGUALDADE

Apesar de ser um país com uma vasta constituição cultural, o Brasil apresenta elementos que atestam a desigualdade social entre as diversas culturas que o constituem.

cultura brasileira é diversificada, o que não exclui a evidente desigualdade social. A desigualdade social, uma característica marcante de nosso país, é atestada pela evidente hegemonia de uma classe social nos processos de divisão social do trabalho e de divisão da renda, além de fatores como o acesso à saúde, educação, saneamento e segurança.

Apesar de vasta e ampla, a cultura brasileira torna-se símbolo de status para as elites, que selecionam arbitrariamente aquilo que deve ou não ser consumido, relegando o que não foi selecionado para o limbo da produção cultural. Ademais, a nossa rica cultura popular faz contraste ao nosso povo, desprovido, muitas vezes, de insumos básicos para a sobrevivência.

É comum escutarmos que o Brasil é um país miscigenado, de cultura vasta e crenças religiosas sincréticas. De fato, a formação étnica do povo brasileiro ocorreu, primeiramente, com a miscigenação entre povos africanos, portugueses (que já tinham em sua linhagem traços de miscigenação entre povos diversos do continente europeu) e indígenas.

Ao longo do tempo decorrido, desde o início da república, o Brasil recebeu imigrantes italianos, japoneses, alemães e de outros países sul-americanos. Isso somente atesta que, tomando o significado de cultura por uma concepção geral que envolve os hábitos, costumes, a culinária, as crenças e o modo de vida geral de um povo, o Brasil é realmente vasto.

Porém, essa concepção diversa da cultura brasileira pode resultar em um olhar equivocado quanto à não existência de mazelas sociais, como a desigualdade social, o elitismo cultural e o racismo.


BIBLIOGRAFIA

Filmes 

O fio da memória. direção: Eduardo Coutinho. Brasil, 1991. 115 min. Composto de duas partes, o documentário é um memorial sobre a história do negro no Brasil após a abolição. Ao retratar a vida do trabalhador de salina e artista Gabriel Joaquim dos Santos, o filme apresenta algumas manifestações culturais dos brasileiros afrodescendentes, sua luta contra a desagregação étnica e o tipo de racismo constituído após a mudança social de escravizados a trabalhadores livres. 

O povo brasileiro . direção: isa Grimpam Ferraz. Brasil, 2000. Série de dez programas que recriou para a televisão a narrativa do livro com mesmo título do antropólogo Darcy ribeiro. Cada programa apresenta 25 minutos de discussão sobre a formação dos brasileiros, sua origem mestiça e a singularidade do sincretismo cultural que dela resultou. As imagens percorrem todo o Brasil, reunindo material de arquivo raro e vários depoimentos interessantes de personalidades brasileiras. o conjunto de fitas VHS com os dez programas da série pode ser adquirido na Cinematográfica Superfilmes, em São Paulo, ou na Fundar (Fundação Darcy ribeiro), no rio de Janeiro, ambos por via postal. 

Livros 

BRAZ, Júlio Emílio. Na cor da pele. São Paulo: Larousse do Brasil, 2005. o livro aborda as contradições de um dos pilares da identidade brasileira: a mistura de etnias. Por meio da narrativa do dia da formatura de um jovem negro, o autor discute o preconceito de cor, muitas vezes disfarçado na atitude tipicamente brasileira de celebrar a mestiçagem. o texto do autor mostra que nossa suposta democracia racial é marcada por malabarismos linguísticos e atitudes racistas, que tendem a embranquecer ou mesmo a tornar a cor da pele “invisível”. 

 

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e o sentido de Brasil. ... São Paulo: Companhia das Letras, 1995.


VON ATZINGEN, maria Cristina. Cultura de paz: o que indivíduos, grupos, escolas e organizações podem fazer pela paz no mundo. São Paulo: Fundação Petrópolis, 2006. Este livro retoma as reflexões teóricas e práticas sobre princípios que garantem a dignidade humana, levando em conta o respeito às diferenças, a superação das situações de exclusão, a tolerância e a solidariedade entre os povos, a rejeição à violência, a preservação do planeta e o diálogo como instrumento de negociação, propondo ferramentas para sua aplicação nas escolas, nas empresas e na sociedade civil. 

Sites

Consciência Negra . disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/grp_l.php?t=007>. Acesso em: 10 mar. 2010. Vários textos disponíveis no Centro de referência em Educação GEO_2S_VOL3_CA.indd 31 5/8/2010 18:21:13 Geografia - 2a série - Volume 3 32 Mário Covas focalizam as diferentes formas de discriminação e preconceito, apresentam dados históricos que explicam a origem das divergências entre povos e raças no Brasil, re-latam o processo de escravidão, desde a colonização até a abolição, e detalham experiências educacionais sobre o tema e atividades desenvolvidas por professores em sala de aula.

Fundação Nacional do Índio – Funai. disponível em: <http://www.funai.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2010. Em cumprimento à Constituição de 1988, a Funai é o órgão governamental brasileiro responsável pela Política indigenista no Brasil. Este site possui um amplo painel de notícias, várias seções de informações históricas e links para outros portais relacionados ao tema. 

Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase. disponível em: <http://www. ibase.br>. Acesso em: 10 mar. 2010. o objetivo do site é a divulgação de informações e projetos de cunho social e ambiental. Apresenta áreas como a Agenda Social rio, o Balanço Social e responsabilidade das Empresas, legislação, biblioteca virtual, orçamento público, questões sobre a mulher e exclusão social, entre outros. 

IBGE teen. disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/index.htm>. Acesso em: 10 mar. 2010. Seção lúdica do instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com jogos e informações para crianças e adolescentes. 

Urbanização . disponível em: <http://www.fau.usp.br>. Acesso em: 10 mar. 2010. o site da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) aborda temas relativos à urbanização e indicadores econômicos e sociais da cidade de São Paulo.