E E PROF DR LAURO PEREIRA TRAVASSOS
Língua Portuguesa
Prof.ª Helenice ------ 8º Ano A, B e C----- 4º Bimestre
ATIVIDADE COMPLEMENTAR AS AULAS DE RECUPERAÇÃO DO CMSP -"GÊNERO DRAMÁTICO"
https://www.youtube.com/watch?v=2IeWm3i4tD0
Dados da Aula:
Identificar o texto teatral como gênero;
conhecer a estrutura composicional do texto teatral;
ler e analisar peça teatral;
Gênero Discursivo: Peça Teatral
Sobre o tema da aula
Disponível em:
http://cyberteca.wordpress.com/2010/03/27/dia-mundial-do-teatro/
O texto teatral é um texto narrativo que dispensa o narrador, uma vez que no teatro a história não nos é contada, mas “mostrada” pelos atores representando as personagens. Em virtude da falta do narrador, o diálogo constitui-se o elemento determinante da ação dramática. O texto teatral encenado exige elementos como o cenário, luz, figurino, maquiagem, gestos, movimento, etc. No texto teatral escrito, esses elementos estão presentes nas rubricas, que aparecem em letras de tipos diferentes, em itálico, por exemplo.
1) Realize no caderno a atividade de pesquisa:
ROTEIRO DE PESQUISA
a. História do teatro: como, quando e onde surgiu o teatro.
b. O texto teatral e o texto narrativo.
b.Características do texto teatral.
Sites que deverão ser acessados para a pesquisa:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_teatro
http://recantodasletras.uol.com.br/cartas/183022
http://www.brasilescola.com/redacao/o-texto-teatral.htm
O Pagador de Promessas – Dias Gomes
Trata-se de um texto escrito para teatro, ou seja, para ser levado ao palco, ser encenado. A peça é dividida em três atos, sendo que os dois primeiros ainda são subdivididos em dois quadros cada um. Após a apresentação dos personagens, o primeiro ato mostra a chegada do protagonista Zé do Burro e sua mulher Rosa, vindos do interior, a uma igreja de Salvador e termina com a negativa do padre em permitir o cumprimento da promessa feita. O segundo ato traz o aparecimento de diversos novos personagens, todos envolvidos na questão do cumprimento ou não da promessa e vai até uma nova negativa do padre, o que ocasiona, desta vez, explosão colérica em Zé do Burro. O terceiro ato é onde as ações recrudescem, as incompreensões vão ao limite e se verifica o dramático desfecho.
Disponível em:
http://www.algosobre.com.br/resumos-literarios/o-pagador-de-promessas.html
O PAGADOR DE PROMESSAS (1988) abertura
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=Lff0oYubcW0&feature=related
ATIVIDADE - O PAGADOR DE PROMESSAS
“O HOMEM, no sistema capitalista, é um ser que luta contra uma engrenagem social que promove a sua desintegração, ao mesmo tempo que aparenta e declara agir em defesa de sua liberdade individual. Para adaptar-se a essa engrenagem, o indivíduo concede levianamente, ou abdica por completo de si mesmo. O Pagador de Promessas é a estória de um homem que não quis conceder – e foi destruído. Seu tema central é, assim, o mito da liberdade capitalista. Baseado no princípio da liberdade de escolha, a sociedade burguesa não fornece ao indivíduo os meios necessários ao exercício da dessa liberdade, tornando-a, ilusória. (GOMES, DIAS. 1972)
Primeiro ATO: Primeiro quadro.
A primeira cena da peça teatral inicia-se às quatro horas e trinta minutos. Ainda não havia amanhecido na cidade de Salvador e o casal Zé do Burro e sua esposa Rosa, chegam a frente à igreja de Santa Bárbara. Saíram às cinco da manhã do interior baiano e caminharam sete léguas até que chegam à igreja um pouco antes desse horário. Zé do Burro era um homem muito simples, proprietário rural de um pequeno pedaço de terra no interior do nordeste, donde tirava o sustento de sua família e possuía um burro, o Nicolau por quem tinha muito apego e que acreditava que tinha “alma de gente”. Uma fatalidade mudou o rumo de sua vida: um dia o burro foi atingido por uma queda de uma árvore, em virtude de um raio, deixando-o gravemente ferido. Zé do Burro desesperado ante essa situação, fez uma promessa à Santa Bárbara: caso seu burro se recuperasse, ele dividiria suas terras entre os necessitados e carregaria uma cruz tão pesada como a de Jesus até a igreja da Santa. Como em sua cidade não havia a respectiva igreja, fez a promessa em um terreiro de candomblé, onde ela é conhecida pelo nome de Iansã. Seu burro se recupera e assim, ele e sua esposa, partem em via crucis para cumprir o prometido e oferecer ao padre responsável pela referida igreja, à sua cruz.
Zé — (Olhando a igreja.) É essa. Só pode ser essa. (Rosa pára também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma revolta que se avoluma.)
Rosa — E agora? Está fechada.
Zé — É cedo ainda. Vamos esperar que abra.
Rosa — Esperar? Aqui?
Zé — Não tem outro jeito.
Rosa — (Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato.) Estou com cada bolha d’água no pé que dá medo.
Zé — Eu também. (Contorce-se de dor. Despe uma das mangas do paletó.) Acho que os meus ombros estão em carne viva.
Rosa — Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse.
Zé — (Convicto) Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em almofadinha.
Rosa — Então: se você não falou, podia ter botado; a Santa não ia dizer nada.
Zé — Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não usou almofadinhas.
Rosa — Não usou porque não deixaram.
Zé — Não, esse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: — Ah, você é o Zé do Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.
Rosa — Será que você ainda pretende fazer outra promessa depois dessa? Já não chega?
Zé — Sei não ... a gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom ter sempre as contas em dia. (Ele sobe um ou dois degraus. Examina a fachada da igreja à procura de uma inscrição.)
Rosa — Que é que você está procurando?
Zé — Qualquer coisa escrita, pra a gente saber se essa é mesmo a igreja de Santa Bárbara.
Rosa — E você já viu igreja com letreiro na porta, homem?
Zé — É que pode não ser essa...
Rosa — Claro que é essa. Não lembra o que o vigário disse? Uma igreja pequena, numa praça, perto duma ladeira...
Zé — (Corre os olhos em volta.) Se a gente pudesse perguntar a alguém...
Rosa — Essa hora está todo mundo dormindo. (Olha-o quase com raiva.) Todo o mundo ... menos eu, que tive a infelicidade de me casar com um pagador de promessas. (Levanta-se e procura convencê-lo.) Escute, Zé... já que a igreja está fechada, a gente podia ir procurar um lugar para dormir. Você já pensou que beleza agora uma cama? ...
Zé — E a cruz?
Rosa — Você deixava a cruz aí e amanha, de dia ...
Zé — Podem roubar ...
Rosa — Quem é que vai roubar uma cruz, homem de Deus? Pra que serve uma cruz?
Zé — Tem tanta maldade no mundo. Era correr um risco muito grande, depois de ter quase cumprido a promessa. E você já pensou: se me roubassem a cruz, eu ia ter que fazer outra e vir de novo com ela nas costas da roça até aqui. Sete léguas.
Rosa — Pra quê? Você explicava à santa que tinha sido roubado, ela não ia fazer questão.
Disponível em:
http://valiteratura.blogspot.com/2010/09/o-pagador-de-promessas.htm
Disponível: http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/d/dias_gomes
SOBRE DIAS GOMES:
Alfredo de Freitas Dias Gomes (Salvador BA 1922 - São Paulo SP 1999). Autor. Sua obra tem uma abordagem humanista de esquerda, com temática voltada para o homem brasileiro e sua luta com a engrenagem social. Entre elas, O Pagador de Promessas, um clássico da moderna dramaturgia brasileira. [...]
Vídeo - Peça - O Pagador de Promessas
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=As4Dv8mLFws&feature=related
2) Responda as quetões sobre o texto:
a. Zé do Burro vive em um mundo mágico, em que se acredita no que não é real. Para ele havia limites entre o céu e a terra? Justifique sua resposta.
b. Ser submisso é gostar de ser dominado, ser escravo. Em sua opinião, Rosa era submissa a Zé do Burro ou o acompanhava em sua peregrinação por amor?
c. Há mais submissão das mulheres no meio rural ou no meio urbano? Por quê?
d. A religiosidade de Zé do Burro demonstra amor ou temor a Deus? Justifique.
e. O que você pensa a respeito do fato de algumas religiões incentivar o sacrifício dos fiéis na terra para alcançar o céu? Explique.
f. O texto teatral escrito apresenta alguns tipos de letras diferentes, em geral em itálico, que são chamados rubricas.
Observe:
Rosa — (Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato.) Estou com cada bolha d’água no pé que dá medo. Discuta com seus colegas e responda: qual é a função das rubricas nesse tipo de texto?
Qual é a função das rubricas nesse tipo de texto?
Enviar as atividades para o e-mail: helenicejesus@prof.educacao.sp.gov.br
Quem tem acesso ao o Google ClassRoom, pode realizar as atividades direto no aplicativo.
Adaptação: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25324 acesso em 29/10/2020