E.E. Prof. Lauro Pereira Travassos
Roteiro de plano de aula e atividades online
Professor: RITA DAS DORES FONSECA- Dôra
Disciplina: L. Portuguesa
Série/ano: 3ºano s – Suplência.
Habilidades: Ler e compreender o gênero textual levando em conta as características próprias do gênero (Crônica). Analisar os efeitos de sentido provocados pelo uso das palavras em diferentes contextos de linguagem.
Atividade: Texto: Visita – Realizar a leitura e a interpretação do texto. Figuras de Linguagem – Leitura, acompanhamento das aulas do CMSP – telecurso – e realização de exercícios.
Metodologia: Os alunos assistirão ao vídeo, lerão os conteúdos explicativos e realizarão os exercícios, bem como as questões do texto a serem interpretadas.
Ferramenta para disponibilização: Uso do blog/educalauro.blogspot.com e vídeos do CMSP – telecurso.
Instrumentos avaliativos: Os alunos realizarão a atividade e enviarão via e-mail, onde ocorrerá a correção e será dada a devolutiva de erros, acertos e ajustes a serem feitos por cada aluno. Ou, entregarão trabalho físico.
Língua Portuguesa – Prof.ª Dôra – Suplência 3º anos
Orientações:
As matérias e os exercícios deverão ser feitos no caderno do aluno;
As atividades deverão ser entregues via e-mail: rdorafonseca@yahoo.com.br
Atividade via e-mail (envie somente as respostas)
Estudo do Texto:
Visita
Sobre a minha mesa, na redação do jornal, encontrei-o, numa tarde quente de verão. É um inseto que parece um aeroplano de quatro asas translúcidas e gosta de sobrevoar os açudes, os córregos e as poças de água. É um bicho do mato e não da cidade. Mas que fazia ali, sobre a minha mesa, em pleno coração da metrópole?
Parecia morto, mas notei que movia nervosamente as estranhas e minúsculas mandíbulas. Estava morrendo de sede, talvez pudesse salvá-lo. Peguei-o pelas asas e levei-o até o banheiro. Depois de acomodá-lo a um canto da pia, molhei a mão e deixei que a água pingasse sobre a sua cabeça e suas asas. Permaneceu imóvel. E não tem mais jeito – pensei comigo. Mas eis que ele se estremece todo e move a boca molhada. A água tinha escorrido toda, era preciso arranjar um meio de mantê-la ao seu alcance sem, contudo, afogá-lo. A outra pia talvez desse mais jeito. Transferi-o para lá, acomodei-o e voltei para a redação.
Mas a memória tomara outro rumo. Lá na minha terra, nosso grupo de meninos chamava esse bicho de macaquinho voador e era diversão nossa caçá-los, amarrá-los com uma linha e deixá-los voar acima de nossa cabeça. Lembrava também do açude, na fazenda, onde eles apareciam em formação de esquadrilha e pousavam na água escura. Mas que diabo fazia na Avenida Rio Branco esse macaquinho voador? Teria ele voado do Coroatá até aqui, só para me encontrar? Seria ele uma estranha mensagem da natureza a este desertor? Voltei ao banheiro e em tempo de evitar que servente o matasse. “Não faça isso com o coitado! ” “Coitado nada, esse bicho deve causar doença. ” Tomei-o da mão do homem e o pus de novo na pia. O homem ficou espantado e saiu, sem saber que laços de afeição e história me ligavam àquele estranho ser. Ajeitei-o, dei-lhe água e voltei ao trabalho. Mas o tempo urgia, textos, notícias, telefonemas, fui para casa sem me lembrar mais dele.
GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris e outras crônicas. Para gostar de ler, 31. São Paulo : Ática, 2001.
Questões:
Ao encontrar um inseto quase morto em sua mesa, o homem
Colocou-o dentro de um pote de água.
Escondeu-o para que ninguém o matasse.
Pingou água sobre sua cabeça.
Procurou por outros insetos no escritório.
O homem interessou-se pelo inseto porque
Decidiu descansar do trabalho cansativo que realizava no jornal.
Estranhou a presença de um inseto do mato em plena cidade.
Percebeu que ele estava fraco e doente por falta de água.
Resolveu salvar o animal para analisar o funcionamento do seu corpo.
A mudança na rotina do homem deveu-se
À chegada do inseto na redação do jornal.
Ao intenso calor daquela tarde de verão.
À monotonia do trabalho no escritório.
À transferência de local onde estava o inseto.
Em “Não faça isso com o coitado! ”, a palavra sublinhada sugere sentimento de
Maldade
Afeição
Desprezo
Esperança
A presença do inseto na redação do jornal provocou no homem
Curiosidade científica.
Lembranças da infância.
Medo de pegar uma doença.
Sensação de espanto.
Com base na leitura do texto, pode-se concluir que a questão central é
A presença inesperada de um inseto do mato na cidade.
A saudade dos amigos de infância.
A vida agitada da grande cidade.
A preocupação com a proteção aos animais.
“Parecia morto, mas notei que movia nervosamente...” a palavra destacada pode ser substituída por :
Logo
Pois
Porém
E
“Não faça isso com o coitado! ” O verbo destacado indica:
Ação
Obséquio
Ordem
Vontade
“Estava morrendo de sede...” a palavra destacada é usada para:
Caracterizar a sede
Para acompanhar o nome
Para substituir um nome
Para ligar os termos
“É um bicho do mato e não da cidade. Mas que fazia ali, sobre a minha mesa, pleno coração da metrópole? ” O conectivo usado expressa:
Uma explicação
Uma alternativa
Uma conclusão
Uma oposição
Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a sensibilidade de quem os utiliza, traduzindo particularidades estilísticas do emissor da linguagem. As figuras de linguagem exprimem também o pensamento de modo original e criativo, exploram o sentido não literal das palavras, realçam sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações, afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar destaque a algum de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser classificadas em figuras de som, figuras de construção e figuras de palavras ou semânticas.
Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.
Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido,
dá de duro, dá de dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.
“O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)
Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e Renato Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É uma figura que procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.
Chega de blá-blá-blá-blá!
É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.
Figuras de construção ou sintaxe
As figuras de construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos termos da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto, polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)
Zeugma: ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um termo que antes fora mencionado.
Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)
Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)
Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados
“Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)
Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)
Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
“Eu, que me chamava de amor e minha esperança de amor.”
“Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo Castelo Branco)
Os termos destacados não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações no período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.
São como cristais suas lágrimas. Batia acelerado meu coração.
Na ordem direta, as frases dos exemplos expostos seriam:
Suas lágrimas são como cristais. Meu coração batia acelerado.
Hipálage: ocorre quando se atribui a uma palavra uma característica que pertence a outra da mesma frase:
Esse sapato não entra no meu pé! (= Eu não entro nesse sapato!)
Essa blusa não cabe em mim. (= Eu não caibo mais nessa blusa.)
Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias orações, períodos ou versos.
“Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)
Silepse: ocorre quando a concordância se faz com a ideia subentendida, com o que está implícito e não com os termos expressos. A silepse pode ser:
De gênero:
Vossa excelência é pouco conhecido. (concorda com a pessoa representada pelo pronome)
De número:
Corria gente de todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de plural, gritavam concorda com “gente”)
De pessoa:
Os brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de nós (1º p. do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)
Figuras de palavras ou semânticas
Consistem no emprego de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia, sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo, perífrase, apóstrofe e ironia.
Comparação ou símile: ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por nexos comparativos explícitos, como tal qual, assim como, que nem e etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença dos nexos comparativos.
“E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)
Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)
Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro por empréstimo.
Ele comprou dois dentes de alho para colocar na comida.
O pé da mesa estava quebrado.
Não sente no braço do sofá.
Metonímia: assim como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de um nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. A metonímia ocorre quando se emprega:
A causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)
O efeito pela causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento pelo usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).
Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa por uma característica, feito ou fato que a tornou notória.
A cidade eterna (em vez de Roma)
Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos sensoriais.
Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)
Antítese: é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.
Os jardins têm vida e morte.
Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.
Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)
Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.
Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente.
Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede!
Não vejo você há séculos!
Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados características próprias dos seres humanos.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Estou cego, mas agora consigo ver.
Perífrase: é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas características ou atributos.
O ouro negro foi o grande assunto do século. (= petróleo)
Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.
“Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
Ironia: é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.
EXERCÍCIO: FIGURAS DE LINGUAGEM
1. Classifique as figuras de linguagem presentes nos fragmentos abaixo:
a) Você é o sol da minha vida.
b) O pé do vaso está quebrado.
c) Seus olhos brilham como estrelas.
d) O tilintar dos metais.
e) Esse homem é uma fera!
f) Meu coração é um almirante louco.
g) O rapaz lhe estendeu uma folha. Era um poema.
h) Já lhe disse isso um milhão de vezes.
i) A mocidade é um noivado.
j) Bebeu dois copos cheios.
k) O tique-taque dos relógios.
l) O livro está cheio de orelhas.
m) O carro andava, corria, voava.
n) Ele entregou a alma a Deus.
o) As árvores são imbecis: se despem justamente quando começa o inverno.
p) Oh, Deus, onde estás?
q) Existem pedras no caminho.
r) Quase morri de estudar.
s) Vi tudo com os meus próprios olhos.
t) Ele está lendo Jorge amado.