sexta-feira, 21 de maio de 2021

Atividade de Língua Portuguesa 2º Bimestre ---2ª Série B-----Prof.ª Cida Vieira

 


Atividade Língua Portuguesa 2º ano B do Ensino Médio - 2º Bimestre – Prof.ª Cida Vieira

Leiam os textos, respondam as questões e enviem as respostas via WhatsApp                    (11 9 1145 6336) ou via e-mail vieiracida21@gmail.com até 11/06/21.

Leia os textos abaixo e responda as questões.

Texto 1.Crônica: Apelo

        

                   

      Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

        Com os dias, Senhora, o leite pela primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

        Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

 

                                                                    Dalton Trevisan.

 Entendendo a crônica: 

 

01 – A pessoa que escreve a carta chama-se remetente e a pessoa a quem se destina a carta chama-se destinatário.

No texto “Apelo”:

       a)   quem é o remetente? 

 

       b)   quem é o destinatário?

 

02 – Qual é o tema dessa crônica?

      

03 – De que gênero o autor se apropria para construir o texto?

     

04 – Na frase “a pilha de jornais ali no chão ninguém os guardou debaixo da escada”, o pronome oblíquo os, se refere ao que?

 

05 – Identifique o narrador e o seu interlocutor.

      

06 – Que sentimentos do narrador podem ser percebidos em relação à interlocutora?

    

07 – Que imagem de mulher o narrador constrói por meio do relato?

     

08 – Toda carta possui um determinado objetivo. Qual o objetivo desta carta?

 

09 – Como você interpreta as duas últimas frases do texto?

    "Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor".

 

10 – Explique o uso da inicial maiúscula em "Senhora".

      

 

 Texto 2. Inclassificáveis

         Arnaldo Antunes

 

que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?

que índio, que preto, que branco o quê?

 

que preto branco índio o quê?

branco índio preto o quê?

índio preto branco o quê?

 

aqui somos mestiços mulatos

cafuzos pardos mamelucos sararás

crilouros guaranisseis e judárabes

 

orientupis orientupis

ameriquítalos luso nipo caboclos

orientupis orientupis

iberibárbaros indo ciganagôs

 

somos o que somos

inclassificáveis

 

não tem um, tem dois,

não tem dois, tem três,

não tem lei, tem leis,

não tem vez, tem vezes,

não tem deus, tem deuses,

 

não há sol a sós

 

aqui somos mestiços mulatos

cafuzos pardos tapuias tupinamboclos

americarataís yorubárbaros.

 

somos o que somos

inclassificáveis

 

que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?

que índio, que preto, que branco o quê?

 

não tem um, tem dois,

não tem dois, tem três,

não tem lei, tem leis,

não tem vez, tem vezes,

não tem deus, tem deuses,

não tem cor, tem cores,

 

não há sol a sós

 

egipciganos tupinamboclos

yorubárbaros carataís

caribocarijós orientapuias

mamemulatos tropicaburés

chibarrosados mesticigenados

oxigenados debaixo do sol.

              Composição: Arnaldo Antunes. O silêncio. BMG, 1996.

Fonte: Projeto Teláris – Português – 6° ano – Editora Ática – p. 12-3.

Entendendo a canção:

 

01 – Veja os sentidos que pode ter a palavra empregada como título: Inclassificável.

1 – Que não pode ser classificado.

2 – Que está em confusão, confuso, desordenado [...].

3 – Digno de censura ou reprovação, inqualificável.

 

Em seu caderno, responda: Qual das definições dessa palavra faz mais sentido com a letra de música de Arnaldo Antunes?

      

 

02 – Alguns termos usados na canção para indicar as misturas étnicas podem ser encontrados no dicionários, pois fazem parte da língua portuguesa. Pesquisem em conjunto o significado de:

·        Mulato:

·        Cafuzo:  

·        Pardo: 

·        Mameluco:  

·        Sarará:  

03 – Algumas palavras usadas na letra da canção para falar da mestiçagem brasileira não são encontradas nos dicionários. São formadas pela junção de palavras conhecidas. Agora, junte-se a um colega e conversem para descobrir quais são essas misturas.

 

a)   Crilouro:  

b)   Guaranisseis:  

c)   Judárabes: 

d)   Orientupis: 

e)   Ameriquítalos:  

Pela leitura da letra da canção podemos concluir que é a cor que importa?

 

04 – Releiam o título da canção e uma palavra empregada no penúltimo verso.

Inclassificáveis: que não se pode classificar.

Mesticigenados: mestiços+miscigenados = cruzamentos entre etnias.

 O que podemos concluir ao comparar inclassificáveis com mesticigenados?

      

05 – Qual é a história de sua família? De onde vem seus pais e avós? Qual é a sua mistura?


 

Texto 3. CRÔNICA: O PADEIRO

 

 

         Geralmente as crônicas tratam de assuntos do cotidiano. Rubem Braga escreveu diversas crônicas sobre assuntos aparentemente simples, mas sempre com uma visão especial. A crônica a seguir, foi escrita em 1.956, fala de dois tipos de trabalhador, de como eles trabalhavam há sessenta anos. Conheça o olhar do cronista a respeito.

        Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é o lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

        Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

 

        --- Não é ninguém, é o padeiro!

        Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

        “Então você não é ninguém?”

 

        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

        Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

 

        Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”.

        E assobiava pelas escadas.

 

                                      Rubem Braga. Para gostar de ler – Crônicas. 27. 

                                                                        Ed. São Paulo: Ática, 2002.

Interpretação do texto:

 

1 – Quem escreveu a crônica? E em que ano foi escrita?

      

2 – Qual o título da crônica? E fala sobre que tipos de trabalho?

     

3 – Qual era o trabalho realizado pelo cronista? Qual o nome dessa profissão?

     

4 – O padeiro se chateava se as pessoas diziam “Não é ninguém, é o padeiro!”? Que parte do texto mostra isso?

     

5 – O cronista diz que sua profissão tem semelhanças com a de padeiro. Quais são elas?

 

6 – Segundo o texto, o padeiro gostava de sua profissão? Como você chegou a essa conclusão?

      

7 – Para você, o padeiro é “ninguém”? Explique.

 

8 – O que significa as palavras abluções e lockout?

     

9 – O que seria a “greve do pão dormido”?

 

10 – Assinale a alternativa em que o verbo em destaque está empregado de acordo com a norma padrão:

 

       a)   A modéstia e a alegria do padeiro surpreendia o cronista. 

       b)   Fazia dias que os padeiros tinham iniciado “a greve do pão dormindo”.

       c)   Era altas horas da madrugada, quando o cronista saia da oficina levando um exemplar do jornal.     

      d)   Antigamente haviam padeiros que levavam o pão diretamente à casa dos fregueses.

      e)   para os profissionais que mantém o bom humor, o trabalho torna-se menos desgastante.