As causas e repercussões da Guerra da Secessão (1861-1865)
A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana, foi um conflito que aconteceu entre Norte e Sul dos Estados Unidos entre 1861 e 1865. O conflito iniciou-se quando os estados do Sul criaram um movimento separatista e declararam sua independência do país, o que foi motivado pela divergência existente a respeito da abolição da escravidão. Essa guerra foi a pior da história americana, com saldo de cerca de 600 mil mortos. Durante a década de 1850, os Estados Unidos possuíam uma clara divisão entre os estados do Sul e do Norte com relação a suas características distintas, assim como interesses econômicos e políticos divergentes. É importante considerar que havia ainda similaridades entre os dois lados, mas, naquele momento, as diferenças existentes pesavam mais do que as semelhanças.
O Norte dos Estados Unidos era caracterizado pelo seu desenvolvimento manufatureiro, com a existência de pequenas propriedades agrícolas, nas quais havia predominância do trabalho livre assalariado. O Sul, por outro lado, caracterizava-se pelo sistema de plantation, ou seja, a grande propriedade com a monocultora baseada no trabalho escravo africano. A divergência existente entre os dois lados, nesse momento, envolvia a questão da expansão do trabalho escravo para regiões que estavam sendo conquistadas pelos Estados Unidos. O Norte defendia que nos novos territórios deveria ser decretada a proibição do uso da escravidão, enquanto o Sul defendia a extensão da escravidão para os novos territórios.
Essa divergência passou a concentrar todo o debate das eleições para presidente de 1860, com os estados do Sul como opositores fervorosos do candidato republicano, Abraham Lincoln. O presidente Abraham Lincoln, contudo, mantinha uma postura ambígua em relação à questão que envolvia a escravidão, pois, ao mesmo tempo que defendia o trabalho livre, afirmava que a escravidão seria mantida somente no Sul. Além disso, Lincoln advogava ideais que afirmavam a “superioridade natural” do homem branco.
Essa postura de Lincoln desagradava aos dois lados, pois os nortistas consideravam-no conservador demais em suas posições, e os sulistas consideravam-no um abolicionista radical. A insatisfação do sul com as posições de Lincoln motivou essa região a organizar uma rebelião e a declarar a sua independência com a criação dos Estados Confederados da América. A guerra, então, foi iniciada pela insatisfação sulista com a eleição de Lincoln e pelo movimento separatista iniciado por seus opositores. A Carolina do Sul foi o primeiro estado sulista a romper com a União. O movimento separatista logo contou com a adesão de outros estados sulistas: Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia, Texas, Luisiana, Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte e Tennessee. O primeiro ataque organizado pelos confederados aconteceu no dia 12 de abril de 1861, contra um forte da União, em Fort Sumter. A derrota para os confederados nesse ataque fez Lincoln enviar mais de 80 mil soldados para reprimir a rebelião sulista.
Ainda assim, a União possuía a vantagem no conflito, devido ao seu maior contingente de soldados, além de possuir uma economia mais dinâmica e forte do que a economia sulista. Essas vantagens foram vitais para os nortistas na guerra. Já os sulistas possuíam renomados generais de guerra, como Robert E. Lee, responsável por vitórias estratégicas para o Sul. As batalhas que aconteceram ao longo da Guerra da Secessão foram marcadas por grande violência e pelos altos níveis de mortalidade. Nessa guerra, consolidou-se uma característica que foi a marca das guerras do final do século XIX até a Primeira Guerra Mundial, no começo do século XX: a guerra de trincheiras.
A longo dos anos do conflito, os sulistas foram sendo derrotados como consequência da falta de apoio estrangeiro e de um embargo marítimo imposto pelos nortistas, que impediu a entrada de mercadorias no Sul. Com a sua economia em frangalhos, os exércitos sulistas foram sujeitos a péssimas condições, o que contribuiu para o aumento no número de desertores.
A Lei do Confisco, que reavia territórios sulistas à medida que eram ocupados por nortistas, incentivou a fuga de escravos desejosos por liberdade e intensificou a crise da economia do Sul. Ao longo da guerra, os nortistas passaram a lutar para garantir a emancipação dos escravos, uma vez que Lincoln percebeu que isso poderia aumentar seu prestígio internacionalmente. Assim, foi decretada pelo presidente americano uma lei que garantiu a emancipação, ou seja, a liberdade para todos os escravos nos Estados Unidos. Essa lei posteriormente foi adicionada na Constituição do país a partir de uma emenda. A derrota sulista foi consolidada em junho de 1865 e, com isso, a abolição da escravidão foi estendida a todos os estados do Sul dos Estados Unidos.
Vídeos complementares:
https://www.youtube.com/watch?v=JgkM6y1GWB0
https://www.youtube.com/watch?v=5OWlwq_Nosw
ROTEIRO DE QUESTÕES:
1-De um modo geral, o que foi a Guerra da Secessão? Por que os estados do Sul quiseram se separar dos EUA?
2- Caracterize as realidades econômicas do Norte e do Sul dos EUA antes da Guerra de Secessão. Indique a posição dos estados do Norte e do Sul em relação ao trabalho escravo.
3-No contexto da eleição presidencial de 1860, que posição ambígua tinha o candidato Abraham Lincoln em relação á escravidão? Que considerações os nortistas e os sulistas tinham em relação a essa postura de Lincoln?
4-Com a vitória eleitoral de Abraham Lincoln na eleição presidencial de 1860, que atitude foi tomada pelos estados do Sul? Qual foi o primeiro estado sulista a se separa da União e quais foram os outros estados que tomaram a mesma atitude?
5-Indique as vantagens dos estados do Norte e no Sul em relação à guerra. Dê a principal característica das batalhas da Guerra de Secessão.
6-Ao longo do conflito, por que as forças foram gradualmente derrotadas?
7-Em relação à população escrava do Sul, o que a Lei do Confisco provocou?
8-Como terminou a Guerra da Secessão?