O CICLO DA MINERAÇÃO NO BRASIL COLONIAL
No Brasil, uma das primeiras atividades desenvolvidas foi a mineração, por parte dos europeus que quando aqui chegaram já conheciam as técnicas deste ofício, e ao verem tanta terra inexplorada encontraram a oportunidade de lucrar bastante com a extração dos recursos naturais. A partir do século XVI, expedições portuguesas partiam da Bahia para o interior do país, com o objetivo de encontrar minas de prata e de ouro. No século seguinte, Fernão Dias foi de São Paulo a Sabará, em busca de prata e esmeraldas. Já no final do século XVII foram encontradas as minas de ouro na região da atual Minas Gerais por Antônio Rodrigues Arzão. A atividade de mineração viria a crescer e ser ainda mais valorizada na segunda década do século XVIII, quando foram descobertas as minas de diamante. A partir de então, a mineração passou a ser a atividade econômica mais importante da colônia. Foram descobertas minas de ouro também em Mato Grosso e em Goiás, ainda na primeira metade do século XVIII.
Nesta época, a economia estava abalada por conta do declínio do açúcar, o que fez com que o governo iniciasse a procura por ouro no sertão. Com a notícia de que tais minas haviam sido encontradas, chegavam pessoas de Portugal, do sul do Brasil e de outras regiões em busca de ouro, fato que contribuiu para o aumento da população na Colônia. Os paulistas e os forasteiros iniciaram, então, uma verdadeira disputa pelo ouro, o que resultou na “ Guerra dos Emboabas “, entre 1708 e 1709. O governo controlava rigidamente a exploração do ouro, e retinha parte do ouro encontrado: a quinta parte de todo o outro produzido nas minas era destinada ao governo. Este imposto ficou conhecido como “o Quinto”. A mineração tomou o lugar do açúcar, era o ciclo do ouro! Portugal encontrou uma nova fonte de recursos, porém acabou perdendo boa parte desta riqueza para a Inglaterra. Por conta do Tratado de Methuen (1703), Portugal importava muitos produtos da Inglaterra e pagava com o ouro do Brasil. Isso favoreceu bastante a industrialização da Inglaterra.
No país, o eixo da economia mudava, e assim também a capital, que se transferia da Bahia para o Rio de Janeiro. Essa mudança aconteceu porque o governo português queria que o centro político da Colônia ficasse mais próximo da região mineradora. Além do mais, a mineração fez com que se desenvolvesse um mercado interno na Colônia. Do Nordeste, vinham a cachaça e a rapadura, do Sul , vinham mulas cavalos e o charque. Das fazendas do interior de Minas Gerais e de São Paulo, vinham gêneros alimentícios ( arroz, feijão, milho, batata, abóbora etc). A sociedade mineradora, diferente da açucareira, era um povo mais urbano e diversificado, visto que a sociedade açucareira era agrária e rural. A sociedade mineradora era composta pelos donos das minas, pelos funcionários da Coroa, pelos chamados homens livres (profissões de prestígio como advogados, médicos, religiosos e militares), pela classe dos trabalhadores (profissões mais populares como sapateiros, alfaiates, etc.) e pelos escravos. A região das Minas ficou repleta de índios, escravos, bandeirantes, colonos, dentre outras pessoas que foram atraídos pela riqueza do ouro. Os negros escravos escondiam o ouro e compravam sua liberdade, ou então fugiam rumo aos quilombos. Na segunda metade do século XVIII as minas começaram a se esgotar e a mineração iniciou sua decadência no Brasil. Novas técnicas foram trazidas, em busca de modernizar a mineração, porém o investimento trouxe apenas prejuízos. E eis que o ciclo do ouro chegaria ao seu fim, já no século XIX, o que resultou em uma grave crise econômica para o país, que só foi interrompida com a atividade de exportação do café, cuja riqueza transformou o país.
ATIVIDADE AVALIATÓRIA :
1-No século XVI, de onde partiam as expedições que pretendiam encontrar minas de ouro e de prata? De onde partiu e onde chegou a expedição de Fernão Dias?
2-No fim do século XVII, onde foi encontrada mina de ouro e quem a encontrou? No século XVIII, o que ocorreu com a atividade mineradora no Brasil? Além de Minas Gerais, para onde a atividade mineradora se expandiu?
3-Relacione a atividade mineradora com o aumento da população em Minas Gerais.
4-O que foi a Guerra dos Emboabas?
5-O que era o quinto real? Por que o ouro brasileiro não beneficiava Portugal e favorecia a Inglaterra?
6-Por que a capital da Colônia foi transferida de São Paulo para o Rio de Janeiro?
7-O que a mineração provocou na economia da Colônia? Indique os produtos que vinham do Nordeste, do Sul e do interior de Minas Gerais e de São Paulo para a região mineradora.
8-Indique os grupos que faziam parte da sociedade mineradora. Que diferença existia entre ela e a sociedade açucareira ?
9- Que grupos foram atraídos pela riqueza do ouro em Minas Gerais? O que os negros faziam para comprar sua liberdade?
10-O que ocorreu com a mineração a partir da segunda metade do século XVIII? No século XIX, que produto transformou a riqueza do país?
A ESCRAVIDÃO NO BRASIL COLONIAL
Durante o período de transição da fase pré-colonial para as fases das capitanias hereditárias e do Governo-geral, aconteceu uma importante alteração nas relações de trabalho do Brasil colonial: impôs-se o uso do trabalho escravo. O uso da mão de obra escrava, a princípio, começou com a exploração dos indígenas, no entanto, progressivamente, passou-se a utilização do africano. Na fase inicial da colonização brasileira, a escravidão concentrava-se na mão de obra do indígena. A escravização do indígena aconteceu, principalmente, na extração do pau-brasil. Desde o momento em que a produção do açúcar, a partir do cultivo da cana-de-açúcar, impôs-se como principal produto econômico da colônia, ocorreu a transição para a utilização da mão de obra do escravo africano.
Os historiadores citam alguns fatores para explicar a transição de uso do escravo indígena para o africano: mortalidade e fuga dos indígenas e imposição comercial da metrópole pelo tráfico negreiro. Outras razões, como a falta de adaptação do nativo para o trabalho regular, são atualmente contestadas pelos historiadores. Primeiramente, o contato dos indígenas com os europeus levou a uma redução demográfica gigantesca por causa de doenças como varíola e gripe, que dizimavam as populações nativas. Isso acontecia pela falta de defesa biológica dos nativos a essas doenças. O historiador Boris Fausto indica que, em 1562 e 1563, por exemplo, surtos epidêmicos foram responsáveis pela morte de cerca de 60 mil indígenas. Além disso, considera-se que a redução demográfica da população indígena aconteceu a partir das guerras travadas contra os portugueses. Por fim, muitos indígenas fugiram para o interior do território brasileiro para evitar o contato com os portugueses. Outras questões levantadas por estudos tradicionais, como a resistência indígena ao trabalho contínuo e sedentário, estão sendo criticadas por estudos atuais.
Aliada a essa questão, os historiadores sugerem que, além da redução demográfica da população indígena, a demanda da metrópole pela imposição do tráfico negreiro foi fundamental para que a mão de obra do escravo africano fosse disseminada no Brasil. Isso ocorreu porque o tráfico negreiro era uma atividade extremamente lucrativa para a metrópole. A escravização africana no Brasil passou a sofrer incentivos da Coroa após 1570 e, assim, segundo o historiador Thomas E. Skidmore, a partir de 1580, chegavam ao nordeste brasileiro pelo menos dois mil escravos africanos por ano2. Os escravos eram trazidos ao Brasil em embarcações conhecidas como navios negreiros e em condições extremamente precárias. Era comum que metade dos cativos trazidos morresse durante a viagem em razão dessas más condições.
Esses escravos originavam-se de diversas regiões da África, mas os historiadores sugerem que, em grande parte, eles pertenciam ao grupo étnico dos sudaneses e dos bantos. A respeito disso, o historiador Boris Fausto afirma que:
No século XVI, a Guiné (Bissau e Cacheu) e a Costa do Marfim, ou seja, quatro portos ao longo do litoral do Daomé, forneceram o maior número de escravos. Do século XVII em diante, as regiões mais ao sul da costa africana – Congo e Angola – tornaram-se os centros exportadores mais importantes, a partir dos portos de Luanda, Benguela e Cabinda. Os angolanos foram trazidos em maior número no século XVIII, correspondendo, ao que parece, a 70% da massa de escravos trazidos para o Brasil naquele século3.
Os historiadores estimam que, ao longo da história da escravidão africana no Brasil colonial, foram trazidos cerca de quatro milhões de africanos. Os escravos eram utilizados nos mais diversos tipos de trabalho, com maior destaque para a sua utilização nos engenhos produtores de açúcar e nos centros de mineração a partir do século XVIII.
O regime de escravidão no Brasil impunha ao africano (e ao indígena também) um regime de trabalho exaustivo e desumano. Além disso, os escravos eram mantidos em condições precárias, muitas vezes mal alimentados e vítimas dos mais variados tipos de violência. Isso motivou focos de resistência entre os escravos por meio de sabotagem e, principalmente, fuga. A escravização dos africanos moldou profundamente a sociedade brasileira. Culturalmente, a presença africana influenciou a cultura brasileira em diversos aspectos: música, culinária, idioma etc. Além disso, impôs um forte preconceito racial, que reverbera ainda no século XXI e que necessita de medidas para atenuar os contrastes sociais existentes.
Assista ao vídeo do link a seguir e leia o texto para responder às questões :
( https://www.youtube.com/watch?v=VSuUdF2vvF0)
ATIVIDADE SOBRE O TEXTO:
1- Em relação à exploração do trabalho, que tipo de mão de bora era explorado na época em que os portugueses tiravam o pau-brasil de nossa terra ? Que mudança aconteceu em relação à exploração do trabalho no momento em que os portugueses passaram a cultivar a cana-de-açúcar no Brasil?
2-Segundo alguns historiadores, o que explica a transição do uso da mão de obra indígena para a mão de obra africana?
3-Relacione a chegada de doenças no Brasil com a redução demográfica da população indígena do Brasil.
4-Por que muitos grupos indígenas fugiam para o interior do território brasileiro?
5-Que interesse tinha a metrópole ( governo ) portuguesa ao impor a escravidão africana no Brasil ?
6-Quais eram as condições das embarcações conhecidas como “ navio negreiro” ? Quais são os dois grupos étnicos principais que vieram da África para o Brasil ?
7-Segundo o historiador Bóris Fausto, de que regiões da África vieram os africanos escravizados para o Brasil ?
8-Segundo estimativas, quantos africanos foram trazidos para o Brasil ? Quais eram os tipos de trabalho que eles realizavam ?
9-Explique o regime de escravidão que era imposto aos africanos e aos indígenas.
10-Diante desse regime de escravidão, como os escravos reagiam ? Que aspectos da cultura brasileira foram influenciados pelos povos africanos?