FILOSOFIA 1° SD
PROFESSORA: MARIA HELENA
OBSERVAÇÃO: Escreva NOME E NÚMERO
Olá alunos!
Leia com atenção, e respondam com responsabilidade.
Assim que possível voltaremos as aulas presencial.
PARA REFLEXÃO:
Você já ouviu a palavra filosofia?
Quando? Onde? Tente se lembrar de frases em que essa palavra tenha aparecido. Nessas frases, que sentido você atribuiria essa palavra?
LEIA:
As primeiras aulas de Filosofia de Ricardo.
Ricardo havia se matriculado no Ensino para Jovens e Adultos, pois já não era um menino. Tinha 38 anos. Na escola, estava cansado, trabalhara o dia todo e, como funcionário de uma grande empresa, dessas que chegaram ao Brasil vinda de outro país, estava mais do que habituado ao sistema do “tempo é dinheiro” e por isso pensava que não tinha tempo a perder com simples debates de opinião.
Não tardou para que se irritasse um pouco com a discussão promovida pela professora Mariana, que buscava criar um espaço que valorizasse o diálogo e o debate.
Apoiado por alguns colegas em situação bastante parecida, Ricardo foi direto ao ponto:
– Professora, a senhora me perdoe a sinceridade, mas para que isso tudo aí?
Para que esse negócio todo de Filosofia?
A professora, que já estava habituada a essa pergunta, respondeu fazendo outra:
– Para que serve o amor?
Isso deixou Ricardo um tanto constrangido e arrancou alguns risos maliciosos de outros estudantes. Mas ela insistiu:
É sério, pense nisso. Para que serve o amor?
Houve um rápido debate. Algumas pessoas, céticas, disseram que a finalidade do amor é a reprodução da espécie.
Outras alegaram que ele serve para encantar a vida. E houve quem, claramente amargurado, afirmou que o amor não serve para nada, “só para desilusão”.
A professora retomou a atenção geral e dirigiu outra questão para a sala:
– Para que serve o conhecimento?
Outras hipóteses surgiram. Alguns disseram que serve para o trabalho, para o aprimoramento ou desenvolvimento humano, para o acúmulo de poder e, é claro, houve os que disseram, sem muita empolgação, que o conhecimento também não serve para nada.
A professora Mariana, então, comentou para Ricarddo e seus colegas que todas as respostas podem estar certas e que aceitar uma resposta como a mais provável ou correta não quer dizer que as outras sejam absurdas ou que não devam ser levadas em conta. Desde que haja uma argumentação, todas as respostas refletem um ponto de vista sobre um questionamento.
No final, a lição foi que não há uma resposta certa; certo é o caminho da reflexão: quanto mais você pensar nessas questões e nessas respostas, mais aprenderá sobre o amor e sobre o conhecimento. Por isso, é importante debater, dialogar e refletir. O conhecimento é infinito, logo, tudo o que se pode fazer é mergulhar nele, abrindo novas perspectivas para o pensamento.
Tudo isso parecia muito bonito, mas Ricardo foi embora contrariado naquela noite. O ritmo do seu trabalho e a forma como estava habituado a lidar com os problemas do dia a dia não lhe davam tempo para refletir tanto sobre as coisas. Isso soava para ele como um privilégio que só os mais afortunados tinham. Em outra aula Ricardo reclamou desse incômodo com a professora, que lhe respondeu:
É comum as pessoas acreditarem que a Filosofia é “coisa de gente privilegiada”, ou seja, de gente mais “estudada” ou com condições financeiras melhores que a média da população. Essa idéia é, em parte, verdadeira, pois, ao longo da História, a Filosofia tem sido realmente um privilégio dos mais ricos ou das pessoas com maior escolaridade, que, por esse motivo, têm mais condições de se dedicar a essa área de conhecimento. Mas é também um preconceito, pois não precisa necessariamente ser assim. E é fundamental denunciar e combater esse preconceito.
Ricardo gostou da resposta, entendendo não só que sua ação poderia mudar, mas também que, repensando sua atitude, ele ajudaria a combater um preconceito. Ele compreendeu que a idéia de não haver uma resposta correta o incomodava profundamente, enchendo-o de angústia e insegurança, porque, sem nunca ter percebido,Ricardo havia se viciado no conforto das certezas.
O tempo passou e Ricardo adquiriu o hábito de perguntar às pessoas para que servia o amor e o conhecimento. Normalmente, recebia outras perguntas como resposta: Amor de quem? Que conhecimento? Como se toda pergunta tivesse um “depende” como resposta. Ele percebeu que, cada vez que retomava o assunto, dialogando com alguém ou refletindo sozinho, ele entendia um pouco mais sobre esses temas. O seu amor. O seu conhecimento.
Lendo um livro no ano seguinte, Ricardo descobriu que o significado da palavra filosofia era “amor ao conhecimento” e só então conseguiu valorizar aquela aula da professora Mariana. Foi assim que aprendeu a mais valiosa lição: não é preciso ter certezas para pensar.
Ele entendeu o objetivo da professora, bem como a utilidade da Filosofia, percebendo que se tratava da mesma coisa: estimular na consciência um estado de abertura para a reflexão crítica, um bem-querer pela prática de repensar argumentos, opiniões, evitar as certezas precipitadas e ponderar sobre o próprio pensamento.
Esse estado reflexivo evita e desconstrói preconceitos, além de manter a mente afiada para novos conhecimentos e novas formas de entender a realidade e as muitas verdades com as quais é possível se deparar ao travar contato com o mundo. E o mais interessante: essa é uma atitude que pode ser adotada, desenvolvida, aprendida por qualquer pessoa.
Para concluir, é importante não achar que, para a Filosofia, a verdade é relativa apenas porque ela aceita muitas respostas como certas. Isso é incorreto. Primeiro, porque não há uma única filosofia, ou uma única concepção da Filosofia e do que é a prática filosófica; segundo, porque muitas filosofias, ou muitas correntes filosóficas, discordam de uma posição relativista, segundo a qual a verdade universal é inatingível. É o caso do pensamento de Sócrates e de Platão, por exemplo, autores que você vai estudar. Não se contentar com as certezas não significa necessariamente duvidar da existência delas, deixar de buscá-las e adotar o relativismo.
O relativismo pode ser compreendido como uma concepção da Filosofia, mas não é a única. É possível afirmar, então, que a definição de Filosofia já é, em si, uma questão filosófica. Trabalhar com uma definição particular de filosofia não esgota o que é a Filosofia.
Após a leitura RESPONDA:
A partir da leitura do texto “As primeiras aulas de Filosofia de Ricardo”, responda:
- Você considera que a Filosofia é uma atividade exclusiva dos mais afortunados ou ela pode ser praticada por qualquer pessoa?
- Seu entendimento mudou após a leitura? Explique.
ATENÇÃO, faça no caderno e envie AS RESPOSTA PARA o E-MAIL helenaschuster1308@gmail.com