sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Língua Portuguesa----2º SD---EJA----Prof.ª Suellen----3º Bimestre----
2º SD - 1º bimestre
Variações Linguísticas
As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diversos aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
No Brasil, é possível encontrar muitas variações linguísticas, por exemplo, na linguagem regional.
Nas falas do Chico bento e de seu primo Zé Lelé notamos o regionalismo
Tipos e exemplos de variações linguísticas
Há diversos tipos de variações linguísticas segundo o campo de atuação:
1. Variação geográfica ou diatópica
Está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal como as variações entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.
Exemplo de regionalismo
2. Variação histórica ou diacrônica
Ela ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o português medieval e o atual.
Exemplo de português arcaico
"Elípticos", "pega-la-emos" são formas que caíram em desuso
3. Variação social ou diastrática
É percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, tal como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua. Exemplo desse tipo de variação são os socioletos.
Exemplo de socioleto
A linguagem técnica utilizada pelos médicos nem sempre é entendida pelos seus pacientes
4. Variação situacional ou diafásica
Ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.
Exemplo de gíria
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) também tem as suas gírias
Linguagem Formal e Informal
Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal e informal.
Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa.
No entanto, de acordo com o contexto no qual estamos inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela gramática, seja quando elaboramos um texto (linguagem escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra (linguagem oral).
Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que está de acordo com a normas gramaticais.
Observe que as variações linguísticas são expressas geralmente nos discursos orais. Quando produzimos um texto escrito, seja em qual for o lugar do Brasil, seguimos as regras do mesmo idioma: a língua portuguesa.
Preconceito Linguístico
O preconceito linguístico está intimamente relacionado com as variações linguísticas, uma vez que ele surge para julgar as manifestações linguísticas ditas "superiores".
Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em nosso país, embora o mesmo idioma seja falado em todas as regiões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem diversos aspectos históricos e culturais.
Sendo assim, a maneira de falar do norte é muito diferente da falada no sul do país. Isso ocorre porque nos atos comunicativos, os falantes da língua vão determinando expressões, sotaques e entonações de acordo com as necessidades linguísticas.
De tal modo, o preconceito linguístico surge no tom de deboche, sendo a variação apontada de maneira pejorativa e estigmatizada.
Quem comete esse tipo de preconceito, geralmente tem a ideia de que sua maneira de falar é correta e, ainda, superior à outra.
Entretanto, devemos salientar que todas as variações são aceitas e nenhuma delas é superior, ou considerada a mais correta.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/variacoes-linguisticas/
Aproveitamento de leitura...
Após realizar esta atividade a envie para o e-mail: sconceicao@prof.educacao.sp.gov.br até dia 04/09/2020. Não se esqueça de se identificar com nome completo, número e turma.
Faça o resumo do texto em seu caderno.
Obs.: Um resumo é um gênero textual que parte das informações mais relevantes de um texto, por isso, ele não deve ser nem curto demais e nem maior que o texto original. Leia o texto a ser resumido com atenção e, se possível, grife as passagens mais importantes depois transcreva com suas palavras utilizando a norma-culta, ou seja, não use abreviações e termos e/ou expressões informais.
Leia o texto abaixo e responda as questões 2 e 3.
ANTIGAMENTE
Antigamente as moças se achavam mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pés de alferes, arrastando as asas, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E, se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar noutra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para tirar o pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesses entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-diogo. Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas, não admira que dessem com os burros n’ água. [...]
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
É correto afirmar após a leitura do texto que o título Antigamente se refere :
Ao comportamento das pessoas em outra época e para isso são utilizadas palavras e expressões comuns naquele contexto.
À atualidade, visto que a linguagem utilizada é empregada, em sua totalidade, até hoje.
À única forma de se falar adequada em qualquer situação comunicativa.
Ao emprego de expressões sem nexo e que não tornam o texto compreensível.
O texto apresenta expressões muito utilizadas na linguagem oral. Assinale a alternativa que contempla em que só há expressões deste tipo:
Declaro que estou ciente dos males..., A linguagem coloquial é a utilizada no cotidiano, Todos estarão sujeito a punições, Todos a cumprimentaram pelo dia de seu aniversário.;
Não faziam anos: completavam primaveras., O remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar noutra freguesia., Era para tirar o pai da forca.
Fez aniversário hoje., Precisava conformar-se diante da situação., Houve necessidade de procurar outro local para morar., Passou por uma situação delicada.
A reunião foi cancelada., Todos estavam reunidos para comemorar a data., Esteve aqui, mas não deixou recado., Antigamente, todos tinham modos de vida diferentes.
Leia com atenção os textos abaixo e escolha a alternativa correta:
Texto 1 Texto 2
As imagens acima representam um tipo de linguagem empregada em um determinado grupo social, mas que pode se estender à sociedade em razão do grau de aceitação. O mapa acima (texto 1) representa os diversos modos de falar do povo brasileiro, atualmente. O texto 2 apresenta alguns vocábulos em épocas distintas, mas que foram caindo em desuso ao longo dos tempos. No entanto, ambos os casos as imagens representam um fenômeno linguístico conhecido como:
a. Gíria
b. Jargão
c. Dialeto
d. Sotaque
Analise as afirmações abaixo:
Vários fatores determinam nossa maneira de falar: tempo, espaço, escolaridade, classe social, faixa etária, atividade.
Há várias diferenças entre a língua falada e a língua escrita. Podemos destacar, por exemplo, que a língua falada é mais rígida e a língua escrita não é apenas a representação da língua falada, mas sim um sistema espontâneo.
O conhecimento da língua-padrão permite o acesso à cultura em geral- um direito de todo cidadão. Além disso, quem domina essa língua pode se sair bem em concursos, entrevistas de trabalho, entre outros.
É correto o que se afirma em:
A. I
B. II
C. III
D. I e III
6. Coloque (V) para verdadeiro e (F) para falso:
A. ( ) Variantes regionais ou geográficas são aquelas que ocorrem de uma região para outra.
B. ( )Jargão é um tipo de linguagem empregada em um determinado grupo social, mas que pode se estender à sociedade em razão do grau de aceitação.
C. ( ) Gíria é um tipo de linguagem empregada em um determinado grupo social, mas que pode se estender à sociedade em razão do grau de aceitação.
D. ( ) O sotaque é a pronúncia, a forma como se fala. É marcado pelo ritmo com que as palavras são expressadas verbalmente.
E. ( )Denominamos a linguagem utilizada no meio virtual de internetês.
Bons estudos!
Língua Portuguesa-----1º ANO A,B,C-----Prof.ªSuellen---3º Bimestre---
3º bimestre – 1ºs anos ABC
Texto Argumentativo
O texto argumentativo é um tipo de texto em que defendemos uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor, aceite-a e acredite nela.
Em um texto argumentativo distinguem-se três componentes: tese, argumentos e estratégias argumentativas.
Tese ou proposição: é a ideia que defendemos, necessariamente firme e polêmica, pois a argumentação precisa partir dela.
Argumento: Segundo o dicionário Houaiss, argumento é: “raciocínio que conduz a indução de algo.”
- prova que serve para afirmar ou negar algo;
- recurso para convencer alguém a fim de alterar-lhe a opinião ou o comportamento.
Obs.: Argumentos respondem a pergunta da tese – o por quê.
Argumento é um conjunto de proposições que utilizamos para gerar convencimento. Contudo, para uma proposição ser argumento, ela deve corroborar para justificar a conclusão (que também é uma proposição) . As proposições que vêm antes da conclusão são chamadas de premissas. Assim, temos a seguinte organização: tese, premissas e conclusão.
Exemplo: O argumento deve responder a pergunta da tese.
Tese: Ser contra a pena de morte
Argumentos: deve-se responder o por quê de ser contrário
Por que? --- a Constituição Federal garante o direito à vida
--- porque nenhum julgamento é 100% seguro, ou seja, podemos condenar um inocente.
Estratégias: são todos os recursos (meios para) verbais ou não-verbais usados para envolver o leitor/ ouvinte com a finalidade de convencê-lo. Em relação às estratégias, podemos citar:
Clareza: objetiva, de fácil entendimento por parte do leitor/ouvinte;
Linguagem: formal ou popular, variando de acordo com a situação comunicativa. Em textos escritos usa-se a norma culta ou formal.
Título: captar a atenção imediata do receptor.
Coerência: unidade de sentido do texto.
Sob o domínio do argumentar, temos o gênero artigo de opinião.
Artigo de Opinião
O artigo de opinião é um dos gêneros mais comuns no cotidiano das cidades. Publicado normalmente em jornais, revistas e blogs, esse tipo de texto tem como função apresentar e defender um ponto de vista sobre algum assunto relevante para a sociedade. Muitas faculdades e universidades costumam solicitar aos seus candidatos que produzam artigos de opinião em seus vestibulares.
Características
O artigo de opinião é um gênero argumentativo, ou seja, é um tipo de texto que defende um ponto de vista por meio de argumentos. A linguagem usada no artigo de opinião costuma alinhar-se à norma-padrão da língua portuguesa, haja vista que o texto deve ser compreendido por diversos tipos de pessoas, muitas vezes de regiões completamente distintas — como é o caso dos artigos publicados em jornais de alcance nacional no Brasil.
Para além disso, justamente por se tratar de uma publicação da imprensa, o assunto abordado nesse tipo de texto costuma ser de relevância coletiva: fatos importantes, ocorridos nos dias ou semanas anteriores, costumam ser os temas do artigo de opinião. Nesse sentido, o gênero tem uma função social clara: promover o debate público sobre as demandas da sociedade.
Estrutura
Por ser um texto argumentativo, o artigo de opinião apresenta três partes fundamentais:
Introdução com tese
Os parágrafos iniciais de um artigo de opinião costumam ser reservados para apresentar o assunto abordado e, além disso, o ponto de vista defendido pelo autor. Chamamos esse ponto de vista de tese. No caso das redações escolares e propostas de vestibulares, é comum que somente o primeiro parágrafo da composição seja destinado para essa função, pois, nesse tipo de produção textual, o número de linhas é restrito.
Veja, a seguir, a introdução de um artigo de opinião produzido por Débora Diniz e Giselle Carino, publicado no jornal El País Brasil:
Violência obstétrica,
uma forma de desumanização das mulheres
A expressão 'violência obstétrica' ofende médicos. Dizem não existir o fenômeno, mas casos isolados de imperícia ou negligência médicas. O que aconteceu com a brasileira Adelir Gomes, grávida e forçada pela equipe de saúde a realizar uma cesárea contra sua vontade, dizem ser um caso extremo, escandalizado pelas feministas como de violência obstétrica. Não é verdade. A violência obstétrica manifesta-se de várias formas no ciclo de vida reprodutiva das mulheres. Em cada mulher insultada verbalmente porque sente dor no momento do parto ou quando não lhe oferecem analgesia. Na violência sexual sofrida em atendimento pré-natal ou em clínicas de reprodução assistida. No uso de fórceps, na proibição de doulas ou pessoas de confiança na sala de parto. Na cesárea como indicação médica para o parto seguro. A verdade é que a violência obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
É notável, nesse trecho inicial do texto, a presença das duas partes fundamentais da introdução de um artigo de opinião: a apresentação do tema — “violência obstetrícia” — e a defesa de uma tese ou ponto de vista — “A verdade é que a violência obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres”.
Desenvolvimento com argumentação
Uma vez que a tese é apresentada na introdução do artigo de opinião, é esperado que, nos parágrafos intermediários — também chamados de desenvolvimento —, apresentem-se argumentos que comprovem o ponto de vista.
Um argumento costuma ter duas partes: a fundamentação e a análise do fundamento. A primeira corresponde às informações, fatos, dados, referências, entre outros, que o articulista busca para embasar sua opinião; a segunda, ao trecho em que o autor relaciona explicitamente o fundamento utilizado com a tese defendida.
Ainda seguindo o exemplo dado anteriormente, observe a seguir um dos argumentos usados pelas articulistas Débora Diniz e Giselle Carino:
Mulheres negras, indígenas e com deficiência estão entre as mais vulneráveis à violência obstétrica. Um estudo da Universidade de Harvard, realizado em quatro países latino-americanos, mostrou que uma em cada quatro mulheres vivendo com HIV/aids foi pressionada à esterilização após receber o diagnóstico. Evidências igualmente assustadoras foram identificadas no México, onde a Organização das Nações Unidas condenou o país pela esterilização forçada de quatorze indígenas pelo sistema de saúde público. No Brasil, um estudo no Mato Grosso descreveu a correlação entre etnia e morte materna — mulheres indígenas têm quase seis vezes mais chances de morrer no parto que mulheres brancas. Pouco sabemos da realidade de mulheres com deficiência, em particular daquelas com deficiência intelectual. O senso comum diz que devem viver sem sexualidade e que são incapazes de decidir suas vivências reprodutivas.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
Nesse caso, são usados como fundamentos: um estudo da Universidade de Harvard, outro da Organização das Nações Unidas e mais um feito no Mato Grosso. Com base nessas pesquisas, as articulistas relacionam as informações citadas com a tese ao afirmarem que “Pouco sabemos da realidade de mulheres com deficiência, em particular daquelas com deficiência intelectual. O senso comum diz que devem viver sem sexualidade e que são incapazes de decidir suas vivências reprodutivas”.
Conclusão
A conclusão de um artigo de opinião costuma apresentar uma síntese do desenvolvimento do texto e, em seguida, reiterar a tese, agora comprovada pelos argumentos. Veja como é a conclusão do texto de Débora Diniz e Giselle Carino:
Argentina e Bolívia também avançaram em legislações para proibir a violência obstétrica — estar livre de violência baseada em gênero deve incluir a violência obstétrica. É preciso avançar rapidamente neste campo, seja pela via legal ou pela transformação dos costumes e práticas. A legislação boliviana menciona 'violência contra os direitos reprodutivos': se devidamente interpretada, a criminalização do aborto ou os maus-tratos sofridos pelas mulheres em processo de abortamento nos hospitais são formas de violência obstétrica. Meninas e mulheres forçadas, involuntariamente, ao parto e à maternidade são casos de violência obstétrica. Por isso, às histórias de dor física ou abusos verbais de nossas mães e avós, devemos somar as histórias da clandestinidade do aborto — as leis restritivas de aborto atingem 97% das mulheres em idade reprodutiva na América Latina e Caribe. Todas essas são expressões da violência obstétrica, uma forma silenciosa e perene de violência baseada em gênero.
Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.
É perceptível, portanto, que a conclusão do artigo de opinião das autoras repete resumidamente a linha argumentativa desenvolvida no texto. Em seguida, a tese é reiterada, agora comprovada — “Todas essas são expressões da violência obstétrica, uma forma silenciosa e perene de violência baseada em gênero”.
Como começar o artigo de opinião
A melhor maneira de começar um artigo de opinião é, antes de tudo, desenvolvendo um planejamento e um projeto de texto. Planejando e projetando antes de escrever, é muito provável que a composição resulte-se clara, coerente e bem fundamentada. Veja, no próximo tópico, um passo a passo de como escrever o artigo de opinião.
Passo a passo
Podemos dividir o processo de produção de texto em três partes básicas:
Planejamento e projeto de texto
O primeiro passo na composição textual deve ser o da reflexão, leitura e organização das ideias a serem desenvolvidas no texto. Nessa parte, é necessário que o autor do artigo de opinião defina:
Tema;
Tese;
Fundamentos da argumentação;
Organização lógica do texto (aqui, define-se o que deve haver em cada parágrafo, ou seja, qual será a trajetória discursiva usada pelo autor para defender seu ponto de vista no texto).
Rascunho
Uma vez que o projeto de texto já estiver definido, é o momento de transcrever as ideias projetadas na forma de texto em prosa, ou seja, é a hora de escrever o texto na forma de: parágrafos introdutórios, desenvolvimento e de conclusão. É muito importante que o rascunho seja um produto do projeto de texto e não se desvie da trajetória discursiva planejada.
Revisão
Por fim, após o texto estar praticamente pronto, resta revisar questões de ordem gramatical, como ortografia, acentuação ou pontuação. Assim como no rascunho, não é aconselhável que o autor mude informações previamente projetadas e desenvolvidas nas partes anteriores.
Fonte: https://www.portugues.com.br/redacao/artigo-opiniao-.html
Vamos praticar!
BALEIAS NÃO ME EMOCIONAM, LYA LUFT
Hoje quero falar de gente e bichos. De notícias que frequentemente aparecem sobre baleias encalhadas e pinguins perdidos em alguma praia. Não sei se me aborrece ou me inquieta ver tantas pessoas acorrendo, torcendo, chorando, porque uma baleia morre encalhada. Mas certamente não me emociona. Sei que não vão me achar muito simpática, mas eu não sou sempre simpática.
Aliás, se não gosto de grosseria nem de vulgaridade, também desconfio dos eternos bonzinhos, dos politicamente corretos, dos sempre sorridentes ou gentis. Prefiro o olho no olho, a clareza e a sinceridade – desde que não machuque só pelo prazer de magoar ou por ressentimento. Não gosto de ver bicho sofrendo: sempre curti animais, fui criada com eles. Na casa onde nasci e cresci, tive até uma coruja, chamada, sabe Deus por que, Sebastião. Era branca, enorme, com aqueles olhos que reviravam. Fugiu da gaiola especialmente construída para ela, quase do tamanho de um pequeno quarto, e por muitos dias eu a procurei no topo das árvores, doída de saudade. Na ilha improvável que havia no mínimo lago do jardim que se estendia atrás da casa, viveu a certa altura da minha infância um casal de veadinhos, dos quais um também fugiu. O outro morreu pouco depois. Segundo o jardineiro, morreu de saudade do fujão – minha primeira visão infantil de um amor Romeu e Julieta. Tive uma gata chamada Adelaide, nome da personagem sofredora de uma novela de rádio que fazia suspirar minha avó, e que meu irmão pequeno matou (a gata), nunca entendi como – uma das primeiras tragédias de que tive conhecimento. De modo que animais fazem parte de minha história, com muitas aventuras, divertimento e alguma tristeza. Mas voltemos às baleias encalhadas: pessoas torcem as mãos, chegam máquinas variadas para içar os bichos, aplicam-se lençóis molhados, abrem-se manchetes em jornais e as televisões mostram tudo em horário nobre.
O público, presente ou em casa, acompanha como se fosse alguém da família e, quando o fim chega, é lamentado quase com pêsames e oração. Confesso que não consigo me comover da mesma forma: pouca sensibilidade, uma alma de gelos nórdicos, quem sabe? Mesmo os que não me apreciam, não creiam nisso. Não é que eu ache que sofrimento de animal não valha a pena, a solidariedade, o dinheiro. Mas eu preferia que tudo isso fosse gasto com eles depois de não haver mais crianças enfiando a cara no vidro de meu carro para pedir trocados, adultos famintos dormindo em bancos de praça, famílias morando embaixo de pontes ou adolescentes morrendo drogados nas calçadas. Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia causaria menos comoção do que uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria estampada. Uma ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem sabe uma vela acesa. Curiosidade, rostos virados, um sentimentozinho de culpa, possivelmente irritação: cadê as autoridades, ninguém toma providência? Diante de um morto humano, ou de um candidato a morto na calçada, a gente se protege com uma armadura. De modo que (perdão) vejo sem entusiasmo as campanhas em favor dos animais – pelo menos enquanto se deletarem tão facilmente homens e mulheres.
(Revista Veja, abril de 2005.)
Após realizar esta atividade a envie para o e-mail: sconceicao@prof.educacao.sp.gov.br até dia 04/09/2020. Não se esqueça de se identificar com nome completo, número e turma.
Faça o resumo do texto em seu caderno.
Obs.: Um resumo é um gênero textual que parte das informações mais relevantes de um texto, por isso, ele não deve ser nem curto demais e nem maior que o texto original. Leia o texto a ser resumido com atenção e, se possível, grife as passagens mais importantes depois transcreva com suas palavras utilizando a norma-culta, ou seja, não use abreviações e termos e/ou expressões informais.
Responda:
1. Qual é o assunto tratado no texto de Lya Luft?
2. Explique o sentido dado a ela ao título do texto: Baleias não me emocionam.
3. Quais são os argumentos utilizados pela autora para justificar sua posição contrária às baleias? Retire do texto.
4. O que inquieta a autora com relação às baleias e ao ser humano? Explique.
5. Você concorda com a opinião da autora? Utiliza argumentos para justificar sua resposta.
6. Diante dos últimos acontecimentos em nosso país, escolha um tema e elabore seu próprio artigo de opinião, obedecendo à estrutura apresentada no texto que o explique. No mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas.
Bons estudos!