3º bimestre – 1ª Série anos ABC
Caro(s) alunos(as),
Houve um pequeno contratempo com relação à atividade 4, pois pensava que todos tinham o livro didático solicitado para a realização dos exercícios propostos. Em virtude disso, peço que pesquisem na internet ou em livros e respondam o questionário, excluindo a parte destinada ao livro. Segue abaixo a atividade reformulada.
ATIVIDADE 4 : ENTREGA ATÉ 28/09
Quais são os níveis de descrição da língua?
O linguista sírio-francês Émile Benveniste (1902 -1976) realizou um estudo com um grupo de abelhas. A qual conclusão ele chegou? Existia ou não uma linguagem entre elas? Por quê? (p.236)
O que é linguagem? (p.236)
O que é linguagem verbal e não verbal?
O que é língua e variação linguística?
Quais são as variações da língua?
Quais são os países que fazem parte do CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa)? (p.241)
O que é adequação linguística?
O que é preconceito linguístico? Como combatê-lo?
A adequação linguística pressupõe a escolha de um nível de fala ou registro apropriado. Quais são estes níveis? Explique-os.
O que é norma-padrão?
O que são homônimos? Quais são os três tipos de homônimos existentes? Dê 2 exemplos de cada.
O que são parônimos? Dê três exemplos.
ATIVIDADE 5
SEGUNDO PERÍODO CLÁSSICO
BARROCO (SÉCULOS XVII E XVII)
Introdução
O Barroco foi o estilo artístico dominante na Europa durante o século XVII e a primeira metade do século XVIII. Houve, no Brasil colonial, dois Barrocos: o baiano, com manifestações literárias no século XVII, e o mineiro, predominantemente na arquitetura e nas artes plásticas, no século XVIII.
Situação histórica
Em 1580, ano da morte de Camões, ocorre a unificação ibérica, e Portugal passa a ser dominado pelos espanhóis. Felipe II, da Espanha, era o herdeiro mais próximo do rei D. Sebastião, morto em 1580.
D. Sebastião morreu aos 24 anos, em combate aos mouros, na batalha de Alcácer-Quibir, na África. Sem herdeiros, provocou a crise política que culminaria na unificação ibérica. A morte do rei muito amado pelos portugueses fez surgir a lenda messiânica de sua volta ao poder, conhecida como “Sebastianismo”
O domínio espanhol durou até 1640. Por 60 anos, Portugal experimentou um descompasso com o que ocorreu no resto da Europa, pois não acompanhou as descobertas científicas ocorridas entre os séculos XVII e XVIII. O país permaneceu mergulhado no obscurantismo medieval e, por extensão, também o Brasil, que, como colônia portuguesa, se pautava pelo modelo da metrópole. O Barroco brasileiro foi “crioulizado”, isto é, misturou a tendência europeia com a visão local, nativista.
No Brasil, o panorama que se desenrola no século XVII é o das transformações econômicas provocadas pela atividade açucareira. As invasões holandesas na região Nordeste também apontam grandes mudanças culturais.
Frans Post – Ruína de OlindaA ocupação do solo brasileiro pelos portugueses foi lenta e custosa. O Nordeste só veio a ser definitivamente habitado pelo colonizador a partir de 1603.
Características do movimento barroco
Oposição ao racionalismo clássico: A arte literária opôs-se à clássica. Se esta pretendia construir textos rigorosos por meio da clareza formal, o Barroco fazia uso de formas menos racionais e mais ambíguas. Empregava amplamente figuras de linguagem que indicassem conflitos, como a antítese.
Dualidade (o homem dividido): O homem via-se dividido entre o céu (as coisas celestiais) e a terra (as coisas terrenas), um conflito entre valores tradicionais, ligados à consciência medieval, defendidos pelos jesuítas, e valores progressistas, gerados pelo avanço do racionalismo burguês.
El Greco – Glória (O reino dos céus é uma verdadeira meta no Barroco)
Diferentes linhas estruturais
Há vários estilos dentro do Barroco. Alguns dizem respeito à forma, outros, ao conteúdo. Acompanhe-os no quadro:
O Barroco brasileiro
O Barroco entre nós iniciou-se em 1601, com o poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira (1569 – 1618). Atingiu o seu apogeu com o poeta Gregório de Matos e com o orador sacro Padre Antônio Vieira. No século XVIII, entrou em decadência, terminando em 1768 com a publicação das Obras, de Cláudio Manuel da Costa.
A Prosopopéia
Bento Teixeira teve o mérito de introduzir o estilo no país. Seu poema épico Prosopopéia, publicado em 1601, é imitação de Os Lusíadas, de Camões. A obra está organizada em 94 estâncias de oito versos decassílabos; o estilo é muito semelhante, assim como a estrutura, dividida em “Proposição”, “Invocação”, “Narração”, “Descrição do Recife de Pernambuco”, “Canto de Proteu”, “Fala de Netuno” e “Epílogo”.
Sua visão também é portuguesa. Na “Descrição do Recife de Pernambuco”, a colônia seria uma “nova Lusitânia”.
Para a parte do Sul, onde a pequena
Ursa se vê de guardas rodeada
Onde o Céu luminoso, mais serena
Tem sua influição, e temperada.
A natureza, mãe bem atentada,
Um porto tão quieto, e tão seguro,
Que para as curvas Naus serve de muro.
Estudo crítico dos autores
Poesia
Gregório de Matos (Salvador, 1636 – 1696)
Gregório de Matos Guerra passou para a história da literatura brasileira como poeta maldito. Conhecido na Bahia como o “Boca do Inferno”, fez jus a esse apelido devido à acida crítica que fazia à sociedade de seu tempo por meio de sua poesia satírica, não poupando nem aristocratas, nem o clero, nem mulheres.
Coexistem em sua obra tendências bastante variadas:
poemas satíricos de crítica ao meio social;
poemas líricos resultantes de paixões momentâneas;
lírica sacra, resultante da reflexão religiosa.
Mesmo na diversidade em que navegou esse poeta – muitas vezes acusado de plagiador dos espanhóis Quevedo e Gôngora --, é considerado o verdadeiro fundador da nossa literatura.
Poesia lírico-amorosa
A poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é fortemente marcada pelo contraste, a identificação entre os opostos, característico do Barroco. A noção de pecado é muito forte: a mulher é, por um lado, um anjo e, por outro, demoníaca. Ele insiste na imagem imposta pela ideologia católica, confundindo o amor e o encanto com sedução pecaminosa.
Pondera agora mais atenção a formosura de D. Ângela
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida, me incitava e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi, por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma Mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:
Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me
Se esta a coisa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo e tanto exagerar-me:
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.
Poesia sacra
O senso do pecado foi o que mais se ressaltou na obra sacra de Gregório de Matos. Um terror permanente em face da morte e da fragilidade do homem se revela. A poesia sacra segue uma trajetória autobiográfica. Inicialmente, zombou da Igreja. Estando próximo da morte, arrependeu-se e retornou à doutrina cristã.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Pequei-me, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido*:
Porque, quanto mais tenho delinquido**,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história:
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa a vossa glória.
_____________
*despido: despeço
**delinquido: praticado delito Imagem de Cristo crucificado (madeira policromada)
Poesia satírica
A poesia satírica de Gregório Matos valeu-lhe o apelido “Boca do Inferno”. O poeta dirigiu-se, principalmente, à sociedade baiana: seus governantes, corruptos, padre, aproveitadores etc.
Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa.
Soneto
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha;
Não sabem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um frequentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para o levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos Mulatos desavergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.
_____________
vinha: plantação de videiras
espreita: vigia
esquadrinha: analisa
picardia: malícia
Oratória Sacra
Padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Bahia, 1697)
O mais famoso orador sacro do Brasil-Colônia, padre Antônio Vieira desempenhou missões jesuíticas no Maranhão e no Grão-Pará, atuou como professor de retórica no Colégio de Pernambuco e participou ativamente do reinado de D. João IV, em Portugal e no Brasil.
Seus sermões, publicados entre 1679 e 1748, atingem 15 volumes, e suas ideias e as causas que defendeu eram propagandas principalmente no púlpito.
Procurava convencer o público por meio de um discurso veemente, marcado pelo uso de figuras de linguagem, como comparações, antíteses, metáforas, hipérboles etc., com a intenção de eletrizar o ouvinte para conscientizá-lo. A repetição, com finalidade enfática, bem como o processo de pergunta-resposta, foram também utilizados com indiscutível eficácia.
Em Vieira predomina o conceptismo, isto é, o desenvolvimento da ideia no intuito de persuadir, a retórica para amparar seu discurso. Observe um trecho do “Prólogo do Autor” da primeira edição de Sermões:
Se gostas de afetação e pompa de palavras, e do estilo que chamam culto, não leias.
Quando este estilo mais florescia, nasceram as verduras do meu (que perdoarás quando as encontrares), mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido; e o começaram também a ser os que me reconheceram o seu engano, e mal se entendiam a si mesmos.
Acompanhe um trecho do Sermão da Sexagésima, enunciado em 1655 na Capela Real de Lisboa. Nesse sermão, Vieira criticou veementemente o gongorismo, apresentando um completo tratado de oratória religiosa.
(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos [a causa de não frutificar a palavra de Deus?] um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda a parte e a toda a natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Compara Cristo o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte. Nas outras artes tudo é arte; na música tudo se faz por compasso, na arquitetura tudo se faz por regra, na aritmética tudo se faz por conta, na geometria tudo se faz por medida. O semear não é assim. É uma arte sem arte; caia onde cair... Ia o trigo caindo e nascendo.
Assim há de ser o pregar. Hão de cair as coisas e hão de nascer, tão naturais que vão caindo, tão próprias que venham nascendo (...).
Quem semeia ventos, colhe tempestades. Se os pregadores semeiam ventos, se o que se prega é vaidade, se não se prega a palavra de Deus, como não há a Igreja de Deus de correr tormenta, em vez de colher fruto?
Vamos praticar!
(UFRJ)
A certa personagem desvanecida
Soneto
Um soneto começo em vosso gabo:
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.
Na quinta torce agora a porca o rabo;
A sexta vá também desta maneira:
Na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.
Agora nos tercetos que direi?
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais
Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.
Nesta vida um soneto já ditei;
Se desta agora escapo, nunca mais
Louvado seja Deus, que o acabei.
(MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. José Miguel Wisnik (org.). São Paulo, Cultrix, s/d, p.154)
No mundo Barroco, predominam os contrates. Partindo das ideias contidas no primeiro e nos dois últimos versos do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição básica que confere ao texto feição satírica?
Considerando o esquema clássico do soneto (2 quartetos e 2 tercetos= 14 versos), sobre o que fala o soneto A certa personagem desvanecida, de Gregório de Matos?
A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em amorosa e religiosa.
Como a mulher é vista em sua lírica amorosa?
Como aparecem na lírica religiosa a ideia de Deus e do pecado?
No soneto dedicado a D. Ângela de Sousa Paredes (transcrito no conteúdo), o poeta diz que viu a formosura e admite que isso significa um desventura. Explique por que a contemplação da formosura teria trazido infelicidade a ele, analisando como era essa mulher, qualificada nos versos 7 e 8.
Acompanhe alguns trechos do Sermão da Sexagésima, o mais célebre de Vieira:
Antigamente convertia-se o mundo, hoje por que não se converte ninguém?
Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras.
Palavras sem obras são tiros sem balas; atroam mas não ferem. (...) A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras veem-se (...).
Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos [a causa de não frutificar a palavra de Deus?] um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda a parte e a toda a natureza? O estilo há que ser muito fácil e muito natural.
Aponte, nas questões seguintes, o que é falso (F) e o que é verdadeiro (V).
( ) Vieira defende a ideia de que o pregador não deve usar a palavra pela palavra só para satisfazer o gosto pelos malabarismos estéticos – na verdade, condena o estilo cultista.
( ) Vieira acusa diretamente o estilo gongórico como o responsável pelo afastamento dos fiéis.
( ) O grande pregador conceptista enfatiza que a importância da linguagem preciosa é decisiva para que o ouvinte fique impressionado.
( ) A linguagem de Vieira é evidentemente uma defesa ao cultismo, daí ter conseguido persuadir o seu público.
(UFRS) Com relação ao Barroco Brasileiro, assinale a alternativa INCORRETA.
Os Sermões do padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiam as preocupações do autor com problemas brasileiros da época, por exemplo, a escravidão.
Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam, na forma literária, ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas.
A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional.
Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna.
A escultura barroca teve no Brasil o nome de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no século XVIII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco.
Bons estudos!
Após realizar a atividade 5, a envie para o e-mail: sconceicao@prof.educacao.sp.gov.br até dia 05/10/2020. Não se esqueça de se identificar com nome, número, turma e o título da atividade.
Faça o resumo do texto em seu caderno.
Obs.: Um resumo é um gênero textual que parte das informações mais relevantes de um texto, por isso, ele não deve ser nem curto demais e nem maior que o texto original. Leia o texto a ser resumido com atenção e, se possível, grife as passagens mais importantes depois transcreva com suas palavras utilizando a norma-culta, ou seja, não use abreviações e termos e/ou expressões informais.